sábado, 18 de abril de 2009

treeless mountain

"Montanha sem Árvores". Filme coreano com estreia marcada para o dia 22 de Abril nos EUA. Será que virá pra cá?

O belo trailer aqui.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

tyson




Previsto para estrear no próximo dia 24.

Na era dos grandes documentários, parece interessante o filme sobre a polêmica vida deste polêmico lutador. Destaque para a bela fotografia do filme.



public enemies


Fiquem com o trailer do novo filme do grande Michael Mann. Depois de "Colateral" e "Miami Vice" o diretor continua com seu estilo fotográfico em digital como ninguém. Soa bem promissor, claro. Com destaque aos atores principais, e a música em cena, característica do excelente trabalho de Mann. Aguardadíssimo por mim, tem estreia prevista para 03 de julho no Brasil.

Clique sobre o cartaz para visualizar o trailer.


festival de cannes 2009 - prováveis escolhas

Saiu uma lista de prováveis concorrentes a Palma de Ouro de Cannes, este ano. A lista é extensa e animadora. A maioria grandes autores. A única certeza é de quem vai abrir o Festival; a nova animação da Pixar, "UP", que pelo trailer, parece bem promissor, como todas suas animações.

- O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA, de Manoel de Oliveira. Depois de SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOIRA, adaptação atual de Eça de Queirós, apresentado no Festival de Berlim, o centenário cineasta português anuncia o seu segundo longa-metragem para 2009. Vai tratar, segundo o diretor, do descalabro financeiro do mundo, do pós-guerra, dos nazistas, aos nossos dias, com o mundo ainda mais agressivo com as ameaças do terrorismo. Não sou tão fã assim de Manuel de Oliveira, mas a história parece bem promissora.

- LOS ABRAZOS ROTOS, de Pedro Almodóvar, especialmente concebido para a sua atriz fetiche Penélope Cruz. Tem mais Kiti Manver, Chus Lampreave, Lola Dueñas, Ángela Molina e o retorno de Rossy de Palma. Penélope recria a personalidade de duas mulheres, uma fatal no estilo dos thrillers dos anos 50 e outra loira e cativante. Em seu blog, acompanhei o processo de Almodóvar em seu novo filme sobre o amor ao Cinema. E Almodóvar é sempre imperdível.

- HADEWIJCH, do francês Bruno Dumont, com Julie Sokolowski, David Dewaele e Yassine Salime. Uma noviça cega e rebelde é expulsa do convento, mas continua apaixonada por Deus. Até cruzar nos caminhos perigosos de Yassine e Nassir. Dirigiu "A Humanidade" e "Flandres", dois grandes filmes. Diretor muito autoral e interessante.

- BRIGHT STAR, da neozelandesa Jane Campion, com Abboe Cornish e Thomas Sangster. Drama sobre o curto e trágico romance do poeta inglês do século 19 John Keats e Fanny Brawne.

- SOUL KITCHEN, do alemão de origem turca Fatih Akin, com Adam Bousdoukos. Segundo o diretor, trata-se de uma comédia romântica, sua primeira incursão no gênero, em torno das dificuldades sofridas por um dono de restaurante grego. Espera-se influência do mestre Billy Wilder, a quem Akin diz admirar muito. Depois de "Contra a Parede", "Do Outro Lado", "Atravessando a Ponte: Sons de Istambul", é um dos meus diretores europeus favoritos atualmente. Nessa nova incurssão, a comédia, vamos ver o que vai dar.


- TAKING WOODSTOCK, do taiwanês Ang Lee, com Demetri Martin e Imelda Staunton. Comédia musical sobre um rapaz de inadvertidamente vai parar no olho do furacão do concerto de Woodstock no verão de 1969. Diretor de "Brokeback Mountain", ganhador do Oscar de Melhor Direção e Melhor Filme Estrangeiro por "O Tigre e o Dragão". Assim como Fatih Akin, este grande diretor ingressa na comédia. Pena que "Lust, Caution", seu filme anterior, nem sequer passou perto pelo Brasil.


- THE LIMITS OF CONTROL, do americano Jim Jarmusch, com Bill Murray, Tilda Swinton, John Hurt e Gael García Bernal. Thriller sobre um estranho personagem, sempre perdedor, prestes a concluir o que julga ser um crime perfeito. Diretor de "Ghost Dog", "Flores Partidas" e "Sobre Café e Cigarros".


- KILLER OF GIANTS (título provável), do documentarista americano Michael Moore. O olhar crítico de Moore foca desta vez a transição entre o governo odioso de Busch e Obama, orquestrada pela crise das grandes corporações americanas e seus abusos econômicos. Seu último documentário "SiCKO" manteve a forma, provocativo, melhor que "Fahrenheit 11 de Setembro". Mas ainda não alcançou a potência de "Tiros Em Columbine", seu melhor filme até então. Vamos ver este. Michael Moore mediano é também sempre interessante.


- ANTICHRIST, filme de horror do dinamarquês Lars von Trier, com Willem Dafoe e Charlotte Gainsburg. Depois de "Manderley", "Dogville", um afastamento do cinema devido a uma crise criativa, von Trier volta com um filme de terror. No mínimo curioso.


- INGLOURIOUS BASTERDS, do americano Quentin Tarantino, com Brad Pitt. Trata da ocupação da França por tropas nazistas, quando um grupo de soldados americanos, conhecidos como “the basterds” caçava e assassinava soldados alemães com extrema brutalidade. Não sou tão fã assim de Tarantino, mas seu trailer parece interessante.

- THE INFORMANT e THE GIRLFRIEND EXPERIENCE, ambos novos do americano Steven Soderbergh. O primeiro, um misto de thriller e comédia, com Matt Damon e Melanie Lynskey, é sobre os abusos de uma grande corporação de agronegócios. O segundo, com Sasha Grey, atriz de filmes pornô, visita o universo da prostituição de luxo e observa como o mercado pornográfico aos poucos deixa de ser tabu. Acabou de estrear na cidade, seu novo filme "Che", a primeira parte do épico "O Argentino". Diretor capaz de fazer coisas no super mainstream como a trilogia "Onze Homens e Um Segredo" e trabalhos super independentes como "Bubble", Soderbergh sempre é interessante.


- ANGELS & DEMONS, de Ron Howard, o mesmo que polemizou Cannes ao abrir o festival em 2004 com O CÓDIGO DA VINCI. Com Tom Hanks, Ayelet Zurer e Ewan McGregor, mais misticismo religioso a vista. Desta vez o mistério de um assassinato com ameaças terroristas contra o vaticano. O livro é bacana, mas nada de espetacular. Sua última adaptação de um livro de Dan Brown foi o terrível "O Código da Vinci". Fico com o pé atrás. Se for pra Cannes vai ser fora de competição, creio eu, para o desfile de estrelas.


- FORGIVENESS, do americano Todd Solondz, com Shirley Henderson, Charlotte Rampling, Ciarán Hinds e Chane’t Johnson. Comédia dramática onde amigos, familiares e amantes lutam para encontrar o amor, o perdão e o sentido no mundo devastado em que vivem. Diretor autoral, independente e bem característico. Dirigiu "Palindromes", "Storytelling" entre outros.


- THE IMAGINARIUM OF DOCTOR PARNASSUS, do americano Terry Gilliam, com Johnny Depp, a última atuação de Heath Ledger, Colin Farrell, Christopher Plummer, Tom Waits e Jude Law. Uma fantasia em que uma trupe de teatro faz um pacto com o diabo. A produção do filme sofreu prejuízos e interrupção com a morte de Ledger depois de filmar apenas um terço da sua parte. Filme derradeiro de Heath Ledger. Este faleceu durante as filmagens. Johnny Depp, Colin Farrell, Jude Law, em homenagem, interpretam o mesmo personagem no filme do roteirista do Monty Python, e diretor de obras como "12 Macacos".


- HEARTLESS, do inglês Philip Ridley, com Jim Sturgess e Clémence Poésy, em que um jovem joga com o diabo, perde sua alma e volta à vida para tentar um resgate.

- ONDINE, do irlandês Neil Jordan, com Colin Farrell e Stephen Rea, um drama e fantasia sobre um pescador que encontra uma sereia em sua rede. Gostava mais de Jordan no começo da década de 90, com "Entrevista Com o Vampiro", "Michael Collins" e "Traídos Pelo Desejo". Mas mesmo assim continua sendo interessante.


- TRIAGE, do bósnio Danis Tanovic, com Colon Farrell, Christopher Lee e Paz Vega. Thriller sobre o mistério de um fotojornalista que volta para casa sem o seu melhor amigo de trabalho. Depois da obra-prima "Inferno", segunda parte da trilogia ainda não finalizada dos roteiros póstumos de Kieslowski, e de "Terra de Ninguém", Tanovic é uma grande aposta.


- AGORA, do chileno Alejandro Amenábar, com Rachel Weisz e Max Minghella, um drama épico no tempo do Egito sob o domínio romano. "Os Outros" e "Tesis" são dois grandes filmes de suspense da década passada. Fez também o original "Vanilla Sky" ("Abre Los Ojos"). Estou bastante ansioso sobre o novo trabalho do chileno.


- MR. NOBODY, do belga Jaco van Dormael (Toto le Héros), com Jared Leto, Diane Kruger e Sarah Polley, uma ficção científica milionária que se passa em várias zonas do século 20 e 21.

- LOOKING FOR ERIC, do inglês Ken Loach, com Matthew McNulty, Eric Cantona e Gerard Kearns. Um torcedor de futebol em crise tem novo alento ao seguir os conselhos do guru Eric Cantona, interpretado pelo próprio jogador francês aposentado, que já foi ídolo do Manchester United. Um dos diretores mais militantes de esquerda ainda hoje. Todos seus filmes são no mínimo inteligentes. Seu último filme "It´s a Free World" ainda não aportou por terras tupiniquins, mas "Ventos da Liberdade" aplacou a tal Palma de Ouro em 2006.

- FISH TANK, da inglesa Andrea Arnold, que estreia em longa depois do Oscar recebido pelo curta WASP em 2003. Menina encrenqueira de 15 anos vê sua vida mudar depois que sua mãe leva para casa um novo namorado.

- UN PROPHETE, do francês Jacques Audiard, com Tahar Rahim e Niels Arestrup, sobre a ascensão de um jovem franco-árabe na hierarquia da máfia da Córsega.

- L’ILLUSIONISTE, da animadora franco-canadense Sylvian Chomet (AS BICICLETAS DE BELLEVILLE/ TRIPLETS OF BELLEVILLE), um desenho inspirado na figura lendária do comediante Jacques Tati.

- LES DERNIERS JOURS DU MONDE, dos irmãos franceses Arnaud e Jean-Marie Larrieu, com Mathieu Amalric, Catherine Frot e Sergi López, uma ficção sobre os dez últimos dias da humanidade.

- COCO CHANEL ET IGOR STRAVINSKY, do francês de origem holandês Jan Kounen, com Anna Mouglalis e Mads Mikkelsen, resumindo o período de seis semanas de romance na vida da estilista Gabrielle e do compositor russo. Dedicado a Gabrielle Chanel vem também COCO AVANT CHANEL, da francesa Anne Fontaine, com Audrey Tautou, Alessandro Nivola, Benoit Poelvoorde e Emmanuelle Devos. Mas esse tem estreia na França antecipada para 23 de abril.

- MATÉRIEL BLANC/ WHITE MATERIAL, da francesa Claire Denis, com Isabelle Huppert e Nicolas Duvauchelle. Uma mulher branca toma o lado dos rebeldes num país africano contemporâneo e coloca em risco a grande plantação de café que a família defendia há três gerações.

- NE TE RETOURNE PAS, da francesa Marina de Van, com Monica Bellucci, Sophie Marceau e Andrea di Stefano. Uma escritora nota estranhas mudanças em seu corpo que a família atribui ao seu estresse. Até que viaja para a Itália e descobre a sua verdadeira identidade.

- SOUDAIN LE VIDE/ ENTER THE VOID, do francês de origem argentina Gaspar Noé, com Nathaniel Brown e Paz de La Huerta. Os irmãos Oscar e Linda vivem em Tóquio e tem um pacto de nunca se separarem. Ele trafica drogas e ela faz striptease. Ao ser baleado, Oscar fará o inimaginável para não deixar o mundo dos vivos. Seu novo longa após "Irreversível". Será tão impactante quanto o anterior? Tomara.


- TALES FROM THE GOLDEN AGE, do romeno Cristian Mungiu, com Vlad Ivanov, Ion Sapdaru, Teodor Corban, Alex Potocean e Liliana Mocanu, seis histórias urbanas do tempo do comunismo que hoje parecem surreais. Depois da obra-prima "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" o diretor romeno tem que voltar a Croisset de qualquer jeito.


- VISIONEN - AUS DEM LEBEN DER HILDEGARD VON BINGEN, da alemã Margarethe Von Trotta, com Barbara Sukowa, Hannah Herzsprung e Joachim Król, a história mística de uma personagem do século 12.

- MY YEAR WITHOUT SEX, da australiana Sarah Watt, com Eddie Baroo, Rachael Blackwood e Matt Day. Natalie tem uma vida familiar considerada normal até que vai parar no hospital e enfrenta um longo processo de reabilitação. Encontra então tempo para questionar a existência de Deus e os frágeis equilíbrios de um pais chamado Austrália.

Almodóvar, Bruno Dumont, Fatih Akin, Jim Jamursh, Ang Lee, Michael Moore, Lars Von Trier, Tarantino, Terry Gilliam, Neil Jordan, Ken Loach, Amenábar, Gaspar Noé, Cristian Minguiu. E pensar que alguns vão ficar de fora. A Mostra de Cinema de SP que nos espere!

raise your glasses

Consegui, enfim, comprar meu ingresso pro show do Kiss, a ser realizado dia 07 de abril (terça-feira) às 21:30 no Anhembi. Estou ansioso, confesso, é a primeira vez que irei vê-los ao vivo. Na última visita dos mascarados ao Brasil em 1999 não consegui, nem pude ir, por diversos motivos. Mas agora não tem jeito, vou ao show do Kiss!

Como sempre, a organização para a venda de ingressos foi falha. Como comentado nesse antigo post, a venda de meia entrada no Brasil já virou palhaçada e os preços são, no mínimo, inconcebíveis em seu valor integral. Como disse Paulo Amorim, diretor da casa de espetáculos Tom Brasil Nações Unidas (já mudou o nome da casa?) "Quando se joga o preço a R$600,00, na verdade quer faturar R$300,00 que é o real preço da meia-entrada", já que hoje quase todo mundo paga meia-entrada. Caminhando por esse pensamento a T4F (Time For Fun, organizadora do espetáculo) jogou o preço a R$170,00 a inteira, pensando em lucrar R$85,00, certo? Porém estes limitaram a venda da meia-entrada em apenas 30% da cota total de venda! Ou seja, a filosofia de Paulo Amorim já é falha e extremamente duvidosa. E pergunta que fica é: mas isso é baseado em que lei (se é que ela existe mesmo)?

Existe, e é a Lei municipal de São Paulo no. 11.355/93, criada por Paulo Maluf quando este ainda era prefeito, em 1993. Mas lembremos que nessa época os valores integrais dos ingressos não eram tão abusivos quanto hoje, então eles se apoiam em uma lei de 17 anos atrás para tentar, a qualquer custo, lucrarem em cima de qualquer evento cultural hoje. Foi com essa perplexidade que fui informado que havia esgotado a meia-entrada para o show do Kiss antes de adquirir meu ingresso. Primeiro começou com uma notícia boca-a-boca, fui checar a informação no site da Ticketmaster, empresa que vende os ingressos, e lá estava: Setor Pista R170,00 / Setor Pista - Meia entrada ESGOTADO R$85,00. Na hora veio a frustração e a raiva. FDP´s! Eles iriam forçar os fãs pagarem o valor integral do ingresso. Mas como não tinha dinheiro para tal, resolvi tentar esquecer e desencanar.

Porém ao mesmo tempo, descobri que esta lei municipal entra em conflito com a lei Estadual no. 7.844/92, anterior, criada por Carlos Apolinário, em 1992, que não limita tais cotas e por ser Estadual tem mais força que a Municipal. O que fazer agora então? Ir ao Procon? Demoraria quanto tempo para obter resposta? Faltavam menos de três semanas para o show. Acabei desencantando com a ideia, deixei quieto. Passou o tempo e só iria ao show se conseguisse uma grana extra ou recebesse um pagamento adiantado. E mesmo assim com uma dor na consciência, lutando comigo mesmo, pois acredito que show algum valha R$170,00!

Foi quando voltando para casa que meu irmão mostrou, segunda dia 30 de Março, uma matéria de capa no site da UOL (nota curta) sobre os ingressos do show do Kiss. Ainda havia pista e pelo que subentendia o texto havia também a tal meia-entrada. Acessei o site da Ticketmaster e lá não estava mais o ESGOTADO em frente ao preço da meia-entrada. Liguei correndo para a empresa, uma moça antipática me atendeu e me informou que, sim, ainda havia ingressos de meia-entrada. Porém ela não conseguiu me explicar o porquê da confusão de que antes havia esgotado e agora, do nada, surgem as tais meia-entradas novamente.


Imagino eu que alguém deva ter procurado seus direitos e a lei Estadual se fez valer. Ou ainda, menos romântico, os ingressos não foram vendidos como o esperado e eles "abaixaram" o preço de novo. Sei que na bilheteria do Credicard Hall, o único lugar de venda sem a maldita taxa de 20% de conveniência sobre o valor do ingresso, outro assunto a ser comentado em relação a abuso em cima do consumidor, pude comprar meu ingresso tranquilamente por "míseros" R$85,00.

Pelo jeito essa palhaçada dos preços de meia-entrada irão continuar no país afora com a desculpa do lucro já que todos pagam meia-entrada. Baseados em leis de dezessete, dezoito anos atrás em que a realidade era outra, abusam dos consumidores com preços abusivos e incabíveis. Só para constar; em 1999, último show do Kiss no Autódromo de Interlagos, o preço do ingresso inteiro era R$70,00 e a meia R$35,00. Um aumento de 240%!!!
Não vou nem comentar as comemorações de artistas que querem acabar com a meia-entrada usando uma desculpa falha e inocente, já que conhecemos bem a mente de organizadores e seus olhares cada vez mais mercenários.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

he was a friend of mine


Acabei de assistir pela 3a. vez o drama "Brokeback Mountain". Nas duas primeiras vezes que o vi, ambas no cinema, gostei muito da direção imposta por Ang Lee. Quase sem nenhuma fala nos primeiros minutos, o filme assume um caráter minimalista e seus personagens através de gestos vão se conhecendo e se arriscando um ao -para o- outro estabelecendo uma tensão sexual inequívoca. O resto da história todos já sabem.

O que me surpreendeu desta vez fora a pancada que levei ao assistir pela terceira vez esse grande filme. Quando o filme teve fim segurei o choro em razão daquelas criaturas tão sofridas e tão comuns em um mundo machista e manequeísta. Estas escondidas em vestiários de futebol, dentro de um quartel militar, em uma fronteira entre países e tantos outros "quaisquer" cantos do mundo. Não é apenas uma história de amor com relacionamente homossexual ou um drama gay sobre cowboys. É mais que isso; é sobre a própria existência e toda sua complexidade. Sobre leis criadas por seres humanos que não entendem um pingo sequer de sua própria raça. Sobre uma resposta que não faz jus a pergunta, que é limitada demais para ser respondida.

E também pelo fato de sentir uma dor parecida de Ennis Del Mar ao segurar a camisa de Jack Twist dizendo "I swear", interpretado por um ator que teria um mundo pela frente, e assim como por quem o chora, e promete, morre cedo demais, não sendo capaz de ver tudo o que plantou.

O que será que será Que andam suspirando Pelas alcovas? Que andam sussurrando Em versos e trovas? Que andam combinando No breu das tocas? Que anda nas cabeças? Anda nas bocas? Que andam acendendo Velas nos becos? Estão falando alto Pelos botecos E gritam nos mercados Que com certeza Está na natureza Será, que será? O que não tem certeza Nem nunca terá! O que não tem concerto Nem nunca terá! O que não tem tamanho... O que será? Que Será? Que vive nas idéias Desses amantes Que cantam os poetas Mais delirantes Que juram os profetas Embriagados Está na romaria Dos mutilados Está nas fantasias Dos infelizes Está no dia a dia Das meretrizes No plano dos bandidos Dos desvalidos Em todos os sentidos Será, que será? O que não tem decência Nem nunca terá! O que não tem censura Nem nunca terá! O que não faz sentido... O que será? Que será? Que todos os avisos Não vão evitar Porque todos os risos Vão desafiar Porque todos os sinos Irão repicar Porque todos os hinos Irão consagrar E todos os meninos Vão desembestar E todos os destinos Irão se encontrar E mesmo padre eterno Que nunca foi lá Olhando aquele inferno Vai abençoar! O que não tem governo Nem nunca terá! O que não tem vergonha Nem nunca terá! O que não tem juízo.

sexta-feira, 28 de março de 2008

assando pães

Só um post rápido.

Fiquei animado ao saber que está por vir um novo filme dos irmãos Dardene. Se chamará "Le Silence de Lorna". Está em pós-produção e deve ser lançado ainda este ano. Não há nenhuma informação ainda sobre a sinopse do projeto. Mas os Dardene´s estão cada vez mais imperdíveis.

E saindo da Bélgica e entrando na França, François Ozon, diretor pelo qual tenho grande admiração, apesar de ter achado "Angie", em cartaz pela cidade, um péssimo longa, está filmando "Ricky". Consta na sinopse 'quando Katie, uma mulher comum, conhece Paco, um homem comum, algo mágico acontece: uma história de amor. Derivado desta união nasce Ricky; um extraordinário garoto.'. Será um drama/comédia.

Agora voando para espanha temos Almodovar trabalhando na idéia de seu novo longa. Melhor que contar, mostrar;
Blog do Almodóvar

Volto para o Brasil.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

o anti-herói americano

Há algum tempo comecei um esboço de um post, mas o arquivei. Não lembro a razão. Muito talvez por preguiça, simplesmente. Eis que o resgato, e o reescrevo:

Sempre nessa época começam a surgir diversas listas de melhores e piores do ano. Estas listas geralmente são numeradas por 10, 20 ou 30 filmes, shows ou quaisquer que sejam os fatos marcantes do ano que se encerra. Tradicionalmente também concebia tais listas para apreço individual, porém este ano, justamente o qual criei o blog, não o fiz.

Mas de certa forma, esse post serve como referência ao ano que se encerrou há alguns dias. E falando em fatos marcantes, cito, e crio esse texto, para elogiar um dos melhores filmes de 2007, ou melhor, um dos melhores filmes de gênero de um bom tempo para cá. Trata-se de "O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford".

Estava receoso, a príncipio, para ver o novo western criado pelo australiano Andrew Dominik, pois na pós-produção do filme houveram alguns desentendimentos em relação ao rumo da obra. De um lado, o próprio diretor contra o produtor, e protagonista, Brad Pitt, e do outro o estúdio Warner que achou seu tempo de duração muito longo; 163 minutos, originalmente mais de 200. Foi nesse meio tempo que a fita teve estréia pelos fsetivais afora e foi colecionando, não tantos prêmios, mas elogios pela crítica especializada. Assisti a seu trailer e fiquei chapado com a idéia do roteiro, resgatando um filme de gênero.

Consegui assistir ao filme somente em uma sessão bem de tarde de uma terça-feira (22:20) no Shopping Iguatami. Ah, como odeio aquele shopping! Sabe tudo o que ativistas, sociólogos ou pensadores dizem a respeito de shoppings? É sobre o Iguatemi que eles falam! Lojas de marca, gente "selecionada", tudo limpinho e cheiroso, moças de limpeza com uniformes engomados. Enfim, um nojo capitalista para velhos e filhos de velhos ricos. Fora o preço do ingresso: dez reais a meia entrada! Mas enfim, não era pra me estender tanto sobre o shopping, é que fui muito a contra-gosto, somente pela razão de ser a sala remanescente a passar "O Assassinato de Jesse James Pelo Covard Robert Ford". Uma pena...

Sei que não é um filme fácil de se ver, mas seu valor artístico é algo inegável. Penso nos circuitos "alternativos". Gemini, Cinesesc, CineArte Lillian Lemmertz, Sala UOL (mudou de nome? IG? Ou é outro provedor?). Será que nesse circuito o filme não encontraria seu público?

"O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford" me pegou pelo estômago e pela alma. Além de ser lindíssimo visualmente, seu ritmo, sua construção narrativa são sublimes, tornando-o quase único em sua abordagem dentro do tema. O diretor, o australiano Andrew Dominik, resgata um gênero que marcou época e que por muito tempo foi a cara, a personificação, do cinema norte-americano, o western, e criou um estudo de personagens magnífico. Jesse James por muito tempo foi conhecido como um Robin Hood do Velho Oeste. Foi-se construindo uma fama a partir disso, um mito. Sua figura tornou-se muito maior que sua própria pessoa. Jesse James virara uma imagem.

Nisso têm alguns aspectos que Dominik acerta em cheio. Há algo mais certeiro que escolher Brad Pitt para viver Jesse James em tela? O maior astro do cinema de Hollywood atual, e um dos mais perseguidos pelas revistas de fofocas, pela mídia vive ele mesmo no Velho Oeste. O mito Brad Pitt poderia ser o tema da fita. Casey Affleck, um ator menos experiente vive Robert Ford [o covarde], que anda em conflito consigo mesmo, não sabendo o que exatamente busca na sua admiração e aproximação à Brad Pitt, digo, Jesse James. Muitas pessoas podem se colocar nesse mesmo lugar hoje em dia, querendo a todo custo viver ao lado dessa fama. Ser a fama, deitar com a fama, entender a fama. Tê-la, mesmo que por quinze minutos. É o que pergunta Jesse James em um momento: "Você quer ser como eu, ou ser eu?"

Daí o assassinato. É tão grande seu nome que até assusta quem o encara. Se fosse um repórter, perguntaria a Brad Pitt como ele encara a sua própria fama. Como é ser um mito; como ele encara ser um adjetivo? Como se prepara, como convive com isto o tempo todo? A resposta será que está em Jesse James?


Só sei que o filme me deu um nocaute. Ao sair da sessão tinha certeza que havia amado o que acabara de assistir, mas depois de alguns dias isso virou uma certeza muito maior que imaginava. E só de assistir o maravilhoso trailer do filme, por exemplo, o universo todo me remete a uma das obras cinematográficas mais lindas e complexas que visitei ultimamente. Sua fotografia, a trilha sonora, as interpretações de Brad Pitt e Casey Afleck já valem a incursão.

Tem tantas coisas a se falar sobre "O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford" (o título já é uma delas, resgatando o espírito de revistas em quadrinhos de bang, bang) que poderiam dar em vários posts. Com certeza mais virão. É um filme que mexeu muito comigo. Estou louco para alugá-lo (vai sair em Março nas locadoras) e resvisitá-lo. Gostaria de ter mais uma chance no cinema com seu poder de imersão.

O que seria digno para um dos melhores lançamentos americanos ultimamente.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

there will be blood

Bom, voltei do cinema ontem para comentar bem rapidamente sobre "Sangue Negro", mas acabei fazendo outras coisas, portanto venho agora para tal. É um fimaço. Daqueles típicos exemplares de grandes filmes. Grande personagem, grande história. Mas mesmo assim ainda não tenho a certeza de ter visto uma obra grandiosa. Sei que assisti a um excelente filme. Mas será que é só? Acho que não.

Paul Thomas Anderson é um grande diretor. Isso é inegável. Daniel Day-Lewis está fantástico e levará a estatueta, mas mesmo assim, prefiro "Magnólia" e "Boogie Nights", que considero grandes cinemas. A história de "Sangue Negro" revela-se um interessante estudo de personagem e história. Anderson diz que não quis fazer referência ou crítica aos EUA atuais. Não quis, mas é impossível não tangê-lo assim. E por falar em Anderson, o diretor está cada vez mais me irritando com sua postura cool metido. Ao ser perguntado, por exemplo, se estava satisfeito com os Globos de Ouro e os prêmios em Berlim, respondeu apenas: "Não". Ou então, certa vez disse que espera que a Academia não premie somente Daniel, mas que dêem todos os Oscars que merecem. Ah, vá aprender com o Altman... ser humilde. Com Shyamalan algo parecido ocorreu e este foi engolido pelo próprio ego. Mas se bem que Thomas Anderson é muito mais talentoso e menos impostor.

Paul Dano, como o pastor, também dá show. Sua voz desafinada e desajustada dá o tom certo que o pastor-mirim tem de conceber. Como dito, os personagens são fortes, e esse díptico entre a Fé e a Ganância ganhando vida por dois humanos representando seus males mais como um elemento do que como carne e osso é muito bem realizada. Um estudo de uma sociedade que se tornou feroz do capitalismo. E muitas vezes a fé e a ganância, corrompidas, podem se transformar em armas letais.

A trilha sonora de "Sangue Negro" pareceu-me acertada dando o tom que faltava a fita. Desarmoniosa e quase diegética, penetra na mente e ouvido. Muitas vezes parecia que estava assistindo um filme de suspense. Um excelente filme, mas não uma obra-prima.

três homens em conflito


E também assisti outro filme concorrente ao Oscar. "Onde Os Fracos Não Têm Vez". Um puta filme! Achei soberbo em todos os sentidos, e com um rigor de direção fantástico imposto pelos Coen! Ponto pra eles, que fizeram uma obra minimalista, construída aos moldes de grandes clássicos. Edição, construção de diálogos, enquadramentos, atuações. Tudo perfeito. Este sim declaro, uma obra-prima!

E o Javier Bardem então? Já havia escrito isso quando Al Pacino fez aniversário ano passado e volto a repetir. Bardem é o melhor ator em atividade. Na primeira cena do filme, já mostra pra que veio e sua cara insana é apavorante. Bardem criou um novo grande vilão para o cinema. Digno de Pacino e De Niro em seus melhores momentos.

Os irmãos Coen acertam em filmar tudo com a maior precisão e cautela possível. Não têm pressa de contarem a história e vão desenvolvendo os personagens junto com a trama gradativamente, e criam assim muitas vezes um suspense insuportável. Sem falar nas sequências de tirar o chapéu, como a do quarto do hotel. Os diretores possuem domínio completo da linguagem cinematográfica e a utilizam com todo louvor a favor da história, e não vice-versa como fazem tantos outros diretores, como por exemplo Tarantino. Há um momento que estamos acompanhando certo personagem em um quatro de hotel. Este, em uma expectativa angustiante. É quando ele liga para o porteiro do hotel. A partir daí, só vendo. Uma aula de cinema!

Além do mais há também Tommy Lee Jones em mais um papel memorável de sua carreira. Como o policial amargurado e frustrado com a situação que se encontra o mundo atual. Grande Tommy Lee. Daí o título original No Country For Old Men. É tão plural seus significantes. A começar pela obviedade de que cada vez mais a velha guarda, a "calmaria" não tem espaço em um território de lobos famintos e gananciosos. Em outro sentido vem a própria história americana que esquece seus verdadeiros heróis e não dá valor a quem realmente merece. No cinema também?

E para mim há uma especial. Existe uma certa semelhança na paisagem do filme e com o longa de Tarantino Kill: Bill, principalmente o volume dois. A homenagem a grandes autores, o ritmo direto, a temperatura de cores e por aí vai. Mas se no longa de Tarantino, o diretor use as técnicas cinematográficas em favor da estética, Coen fazem ao contrário, usam a técnica em favor da história. O universo e a maneira de ver o mundo de Tarantino poderia ser o verdadeiro No Country For Old Men, amparados pelas escolas de estéticas como nos filmes Sin City, 300... para mim Tarantino homenageia e, ao mesmo tempo, mata seus homenageados em seus exercícios egocêntricos de filmagem. Kill: Bill e seu valor pop industrializado, pensado milimétricamente no marketing é prova disso. O que me vem à mente diversos jovens que utilizam camisetas de filmes como "Laranja Mecânica"; o valor estético parece-me muito maior que o cultural.

Mas enfim, não se elogia um filme criticando um outro. Utilizo para comparação de dois mundos mundo próximos. A sociedade do consumo; que chega até consumir uma tal cultura. O que não me parece acontecer com "Onde Os Fracos Não Têm Vez" dos Coen; um trabalho maravilhosamente orquestrado e dirigido.

na mesma chuva

E os dois filmes comentados se completam. Os dois traçam um paralelo da sociedade americana que se encaixam. Enquanto "Sangue Negro" mostra-se a construção, o nascimento de uma nação, da potência das corporações, "Onde Os Fracos Não Têm Vez" é a consequência disso tudo. A ganância e tudo que deriva dela. Violência, medo, opressão e, por assim ser, o vazio de uma sociedade em crise. Os dois flertam com o Velho Oeste. Em "Sangue Negro", com o final deste período, entregando o posto para o capitalismo, e em "Onde Os Fracos Não Têm Vez" há a metáfora, amparada na maneira de se filmar de Sergio Leone, John Ford e de grandes autores, que os EUA ainda não saíram do Velho Oeste; ou pelo menos sua política. Quem parece entender isso como ninguém é CLint Eastwood, que hoje representa o maior do cinema auto-crítico norte-americano, em que sua persona já marcada pelo período western, discute seu passado e presente.

Está na cara que o Oscar fica com um dos dois filmes. O meu preferido é "Onde Os Fracos Não Têm Vez". Eu completaria as indicações com o magnífico "O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford", "Zodíaco" e "No Vale das Sombras". O último apenas para completar um pensamento em favor da discussão da sociedade através de seu cinema atual; já que todos sabem, o Oscar é uma festa para o cinema americano.

tristes notícias

Depois de um bom tempo sem postar, volto aqui. Mudança e cor, estilo e conceito. A cor ainda é passageira e uma homenagem a um fato.

Enfim, triste notícia que nos deparamos há quase um mês atrás, para com a morte precoce de Heath Leadger. Coisa de louco! Pegou-me tanto pelo âmago que fiquei atônito, triste, hesitando em acreditar no que estava todo mundo comentando. Fiquei pensando no ator, na sua família, na energia concentrada pelo fato de ter sido algo tão abrupto e cruel. Parecia que conhecia Heath e estava despedindo do ator dias depois do ocorrido sem conformar-me com pena desse sujeito e de sua família. Sem querer fazer piadas de mal gosto ou coisa parecida, esperava isso de várias pessoas do ramo; Joaquim Phoenix, Lindsay Lohan, mas Heath!? Enfim, muito triste.

E mais ainda quando antes soubera que, na mesma semana, também falecera Brad Renfro. Ator que fez o papel do menino, no "O Cliente" de Joel Schummacher, com Tommy Lee Jones, Ou que fez "O Aprendiz". Duas mortes precoces e sentidas. Ano passado isso ocorreu com dois mestres do cinema, que morreram em datas próximas, ou no mesmo dia, não lembro; Michelangelo Antonioni e Ingmar Bergman.


Descansem em paz...